LAGOA DA PAMPULHA 80 ANOS

 Nesta manhã tão fria,me deparo com aquela mineirinha com suas curvas, insinuantes e bela,

-Foi amor à primeira vista…

Mas qual foi minha surpresa em vê–lá tão mal judiada

Suas águas com cheiro putrefato, feia e mal cheirosa,

 – Mas o que me importa, para amor tão puro, tão sincero!…

Na sua orla vejo a natureza que se agoniza, mas o amor tudo supera

A noite vejo as luzes que refletem em suas águas, vejo a igrejinha

– De São Francisco tão imponente e bela, vejo o cassino e o salão, onde os boêmios

– Ia em busca de aventuras, em busca de amores…

Ali sentado junto a minha amada, posso comtemplar os raios da lua

Cheia e o brilho das estrelas que vem beijar a terra, navego em delírios, divina sinfonia

– Dos ventos que acalanta os corações…

Como és tão formosa em êxtase me transporto ao passado,

Ergo o mastro da saudade, neste instante imaculado, velejo meu devaneio,

– Neste eterno idílio de amor…

Navego rumo ao pôr do sol a bordo do mais belo horizonte, vejo nuvens brancas

E os bandos de andorinhas e gaivotas revoando em suas águas, nas suas espumas

– Afoga – se o barulho da saudade…

Olho para o céu e vejo a lua cheia espalhando melancólica claridade, deixando cair

Sobre as águas os raios de seu brilhantismo, deixando minha alma,

– Tão tenra, tão apaixonado…

Orlando Nogueira (O Poeta Carvoeiro)

Betim, 29 de abril de 2023

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